A importância da Fisioterapia Motora na Esclerose Lateral Amiotrófica

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A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva, e acarreta em paralisia motora irreversível. Apesar de não ter cura, a E.L.A. tem tratamento. Desta forma, é possível retardar os sintomas da doença e garantir ao paciente uma melhor qualidade de vida.

O tratamento consiste em um acompanhamento multidisciplinar, realizado por especialistas em diversas áreas da saúde, como:

Fonoaudiólogo – a fraqueza muscular é um sintoma comum em pacientes com E.L.A., e pode acabar afetando a musculatura responsável pela voz e pela fala. A terapia fonoaudiológica irá garantir que o paciente continue se comunicando com as pessoas ao seu redor.

Nutricionista – pacientes com E.L.A costumam ter alterações nutricionais e deficiência na ingestão alimentar, o que pode causar perda de peso e redução no índice de massa corporal. Por isso, é importante o acompanhamento de um nutricionista.

Psicólogo – o processo do adoecer e das perdas físicas, sociais e psicológicas é gerador de grande sofrimento psíquico não só para o paciente, mas também para o cuidador e os familiares. Por isso, o acompanhamento psicológico é indicado para todos os envolvidos.

Fisioterapeuta respiratório – com a fraqueza muscular generalizada, ocorre também a atrofia dos músculos respiratórios, levando a sintomas como insuficiência respiratória. Por isso a importância de o paciente ser avaliado por um fisioterapeuta respiratório.

E o fisioterapeuta motor – profissional fundamental durante o tratamento da E.L.A., pois seu tratamento otimiza as funções motoras do paciente e maximiza a força muscular, evitando complicações como: edemas, dores localizadas ou generalizadas e trombose.

E é sobre a Fisioterapia Motora que iremos falar hoje.

O que é Fisioterapia Motora?

A fisioterapia motora tem como objetivo corrigir e restabelecer as condições físicas do paciente por meio de exercícios e alongamentos. Eles são prescritos de acordo com a individualidade e as necessidades da pessoa, devolvendo assim seus movimentos, sua força, postura e mobilidade, além de isentar as dores que afligem o paciente.

No caso de pacientes com E.L.A., a fisioterapia motora vem para otimizar as funções motoras do paciente e retardar as contraturas, deformidades, encurtamentos musculares, aliviar a pressão por longos períodos em repouso, bem como as compressões nervosas, maximizando a força muscular e a independência do paciente para realizar as atividades.

Além disso, a fisioterapia motora prescrita de forma individual pode aliciar sintomas secundários causados pela imobilidade, como: constipação intestinal, edemas, atelectasias, dores localizadas ou generalizadas e até trombose venosa profunda.

Qual a recomendação da Fisioterapia Motora para pacientes com E.L.A.?

Como já dissemos anteriormente,

Somente o fisioterapeuta poderá avaliar e prescrever exercícios para a manutenção da amplitude de movimento do paciente com E.L.A.

O tratamento deve ter os seguintes objetivos:

· Otimização da função muscular ainda existente;

· Prevenção das complicações decorrentes do desuso e da lesão;

· Manutenção do tônus muscular;

· Prevenção de possíveis quadros álgicos e edemas.

São propostas de duas a três sessões semanais, com duração aproximada de 45 minutos cada, e as sessões devem ser realizadas por um profissional fisioterapeuta.

Para complementar as sessões, o fisioterapeuta motor poderá recomendar um programa de exercícios diários para que o paciente realize em casa, com a ajuda do cuidador. Esses exercícios domiciliares podem incluir, principalmente, os alongamentos.

Em ambos os casos, são indicados exercícios de resistência baixa a moderada, e a prescrição deverá ser feita de acordo com o quadro apresentado pelo paciente, determinando intensidade, duração e repetições apropriadas para cada situação, sempre evitando que o paciente sinta fadiga e dor. Isso é muito importante, pois, exercícios excessivos, além de fadigar, podem levar à progressão da doença, com maior degeneração do neurônio motor, segundo estudos.

Quais equipamentos serão usados durante a Fisioterapia Motora?

O Fisioterapeuta Motor poderá dispor de recursos auxiliares para a reabilitação e melhora das atividades de vida diária do paciente com E.L.A. Desta forma, ele poderá prescrever órteses e equipamentos como:

· Tornozeleira;

· Colar cervical;

· Talas;

· Andadores;

· Bengalas;

· Muletas;

· Colchões e almofadas.

Esses equipamentos podem ser indicados para postergar o desequilíbrio durante a locomoção. É indicado colar cervical macio para a fase inicial de fraqueza muscular de pescoço e, posteriormente, o semi-rígido. Talas e goteiras podem ser usadas para a prevenção de possíveis retrações ou deformidades nos membros superiores ou inferiores, assim como o uso de colchões e almofadas adequadas para a prevenção de úlceras de decúbito.

É papel também do fisioterapeuta monitorar as habilidades funcionais do paciente com E.L.A., bem como determinar modos eficientes e efetivos para realizar suas atividades de vida diária. O fisioterapeuta pode também explicar a mecânica corporal ao paciente e ao cuidador, com o intuito de facilitar as trocas posturais, ensinar as técnicas de transferências para o paciente e cuidadores, avaliar se a casa do paciente está devidamente adaptada para que sua locomoção (com ou sem cadeira de rodas) seja possível, sugerir mudanças no ambiente com intuito de proporcionar ao paciente mais liberdade de ir e vir com movimentos mais seguros.

Procure sempre um profissional qualificado

Lembre-se: a fisioterapia motora deve ser indicada após uma avaliação minuciosa e individualizada, visto que a fisioterapia excessiva pode agravar os sintomas da doença. A justificativa é de que essas atividades, feitas de maneira leiga e sem o acompanhamento médico, podem provocar fadiga muscular ao exigir maior consumo de oxigênio. E uma das principais deficiências dos portadores de E.L.A. diz respeito à insuficiência respiratória e de oxigenação.

Os exercícios com carga, mesmo que seja uma carga mínima, não devem ser realizados em pacientes com E.L.A., pois sobrecarregam o neurônio motor, favorecendo a progressão da doença. Exercícios isométricos também não são indicados, bem como o uso de estimulação elétrica funcional, mais conhecida como FES.

Por isso, a ABrELA recomenda que os pacientes visitem regularmente um profissional especializado.

E, para finalizar, é de extrema importância levar em consideração o conforto e o bem-estar do paciente, respeitando suas limitações.

Por isso, o atendimento multidisciplinar é essencial. Desta forma, o paciente poderá viver com mais qualidade de vida e, quem sabe, até mesmo adiar a evolução de seu quadro.

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